ALIVE é um álbum afeto à superação. Maycon Ananias, além de inspirar-se numa passagem biográfica aflitiva, vive parte dela absorto na criação de obras musicais. Nascem num período em que irrompe um “dilema pessoal muito grande e ao mesmo tempo uma benção”, citando o próprio compositor, produtor e arranjador em cuja carreira, para ser breve, se inclui a música de “Teus Olhos Meus”, vencedora na categoria “Melhor Trilha Sonora” do Los Angeles Brazilian Film Festival (2012).
ALIVE remonta a um acidente sofrido pelo artista, um atropelamento que lhe impõe fraturas expostas e o impede de tocar. O retorno lento mas inexorável à música, e até uma parte de sua recuperação, se vincula a todas as sete faixas, interligadas conceitualmente, deste álbum.
No princípio da primeira obra, Broken Leg, Bruised Face, após acordes que dão a certeza de haver muito por vir, uma nota de sintetizador parte de onde o piano para, seguindo-se o violoncelo e as demais cordas de um quarteto. Esse início anuncia as atmosferas singulares do álbum, em que o eletrônico, de tão orgânico, permeia o acústico como se a ele pertencesse. Em There’s a Place Called Home, um pendor melódico contínuo erige uma canção sem palavras, a ganhar movimento e atingir um clímax esmerado perto do fim. Na aguda metáfora fundada nos mordazes e lúdicos arcades dos anos de 1980 e 1990, Insert Coin (Continue), a faixa final, repleta de contrastes, volta-se para a arte de recomeçar e simboliza ALIVE como um todo: de um processo biográfico árduo transfeito em aceno para a vida, surgem músicas que renovam e encantam.
Release por Daniel Bento – @enxerguemusica