Em 2022, ao fim de um ciclo de apresentações dedicadas a Felix Mendelssohn (1809-1847), Claudio Cruz (violino), Adonhiran Reis (violino), Gabriel Marin (viola) e Alceu Reis (violoncelo), do premiado Quarteto Carlos Gomes, resolvem gravar a integral de seus quartetos de cordas. Nesse projeto junto à gravadora Azul Music, o primeiro volume é o álbum MENDELSSOHN: STRING QUARTETS NO. 1, 2 & 3.
Mendelssohn publica simultaneamente seus dois primeiros quartetos — nº 1, em mi bemol maior, Op. 12 (1829), e nº 2, em lá maior, Op. 13 (1827) —, mas inverte a ordem cronológica ao numerar essas peças que, já na juventude, franqueiam sua maturidade plena. O Quarteto seguinte — nº 3, em ré maior, Op. 44 nº 1 (1838) — é uma obra de que o compositor se orgulhava, como atesta sua carta de 30 de julho de 1838 ao violinista e amigo Ferdinand David (1810-1873).
Na interpretação do Quarteto Carlos Gomes, a Canzonetta, segundo movimento do Quarteto nº 1, começa com uma combinação de vigor e fluidez, construindo-se um cenário vertiginoso adiante, no trecho più mosso. No movimento inicial do Quarteto nº 2, a clareza da execução alumia por inteiro as texturas contrapontísticas; e, como se isso não bastasse, esta gravação traz uma imagem estéreo suntuosa, a propiciar o usufruto musical. Já enaltecido no brilho que o tom de ré maior enseja às cordas, o finale exultante do Quarteto nº 3 encontra a união cabal entre ímpeto e detalhismo neste registro, assim encerrando um álbum do início ao fim a desvelar que técnica e expressão sejam uma vivência una chamada música.
Release por Daniel Bento – @enxerguemusica