Obra-prima do apogeu criativo no século 18, as sonatas para piano de Mozart exigem grande preparo por parte do intérprete, pois além de apresentarem elevado grau de dificuldade técnica, estão imbuídas de um raro senso estético na forma e expressão. Ao mesmo tempo, possuem encantadora simplicidade, obras que cativam instantaneamente o ouvinte com um misto de espontaneidade e perfeição musical.
Neste segundo volume da integral, Clara Sverner nos brinda com mais três sonatas: a K. 283 em Sol Maior, a K. 284 em Ré Maior e a K. 309 em Dó Maior. Dentre elas, a mais ousada talvez seja a K. 284, encomendada pelo Barão Taddhäus von Dürnitz, fagotista amador, que solicitou ao compositor que escrevesse uma peça no “estilo francês”. Com três movimentos, a sonata termina com um deslumbrante Tema com Variações, que trazia novas conquistas no desenvolvimento da técnica pianística, abrindo novos caminhos, que mais tarde seriam trilhados e desenvolvidos por Beethoven, Mendelssohn e Brahms. Mozart orgulhava-se dessa sonata e fez questão de executá-la ele próprio, em 1777 na inauguração dos novos pianos Stein, em Ausburgo.
Intérprete inquieta e original, Clara construiu ao longo de uma expressiva e bem-sucedida carreira, um legado de memoráveis gravações que refletem sua permanente ousadia. Ao se debruçar sobre as dezoito sonatas para piano de Mozart, a pianista reveste suas interpretações de cores vivas e precisão estética, sem nunca perder de vista o equilíbrio, oferecendo uma leitura majestosa do universo mozartiano.