Uma coleção memorável, um compositor cujo primado atravessa as eras, um grande intérprete. Está-se diante das seis Suítes para violoncelo solo, de Johann Sebastian Bach (1685-1750), na execução de Antonio Meneses. Em BACH: THE CELLO SUITES, ele volta-se para esse precioso legado, que domina como poucos. Pelo mundo, apresenta-o a plateias. No passado, grava-o. Agora, uma nova perspectiva para essas obras eternamente significativas o leva a reencontrá-las.
A carreira brilhante de Meneses inclui o primeiro lugar no Concurso Tchaikovsky (1982), além de colaborações com Herbert von Karajan (1908-1989), Mstislav Rostropovich (1927-2007) e Anne-Sophie Mutter (1963). Marca-a, ainda, concertos regulares com as maiores orquestras do mundo, como as Filarmônicas de Berlim e Nova Iorque.
Em Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010: VI. Gigue, Meneses concilia acabamento sonoro com fluência enérgica, enfatizando o pendor ágil da giga italiana, próprio ao trecho. Em Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008: V. Menuets I & II, garante fino equilíbrio entre os contrastes e as afinidades de dois minuetos, distintos em caráter mas próximos na “nobre e elegante simplicidade” que Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) vê nessa dança. Com o requintado rubato — um oscilar sutil no tempo, a manter o pulso inerente à música —, Meneses dá vida às inflexões da melodia de Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012: III. Courante.
BACH: THE CELLO SUITES é o raríssimo caso de um álbum que, além de muito aguardado, já desponta como gravação de referência. Decerto se falará dele pelos tempos afora.
Texto: Daniel Bento – @enxerguemusica